sábado, 9 de janeiro de 2010

Sobre a felicidade



Sou adepta da filosofia de vida que aponta que quando pensamos que a felicidade é ponto de chegada, nos enganamos. Na verdade, a felicidade é o caminho. Que mania essa de acreditar que um dia vamos encontrá-la e pronto, ela nunca mais nos deixará. Ilusão. Talvez o melhor mesmo seja torná-la um estilo de vida, tê-la como fiel companheira de jornada... Talvez devêssemos ser mais íntimos dela. Por que não?
Escolhi esse tema já que seguidamente me questiono o que é felicidade para os franceses em geral. Penso no exemplo da minha chefe. Como presente de casamento, ela ganhou um hotel que é praticamente um filho, visto que levou 9 meses para ser construído. Admiro a coragem dela de casar-se com o chef de cuisine de um renomado 3 macarons* (essa é a classificação dos restaurantes segundo o Guia Michelin, sendo que 3 é o máximo de excelência). (Ele) uma pessoa difícil de lidar, que vive sob pressão contínua da busca pela perfeição em todos os aspectos, frio, aquele esterótipo de pessoa cujo humor diário é uma loteria! Pois é, ela teve coragem... e, mais do que isso, conseguiu de alguma forma reavivá-lo, trazê-lo à vida.
Hoje, depois de dez anos (o hotel tem 3), ela vive um casamento visivelmente infeliz, mora em cima do hotel num apartamento que ela não considera sua casa, tem muito, mas muito dinheiro na conta, um carro lindo, uma filha do primeiro casamento e uma neta.
Tantas vezes ficamos pensando 'ah, se eu fosse rico...' Mas, aquela velha pergunta, qual a verdadeira riqueza? Perguntei uma vez pra uma das camareiras se ela considerava nossa chefe feliz. Ela disse veemente que não. Segundo ela, "a chefe tem muito, mas muito dinheiro... Mas eu sou mais feliz que ela". Então?
A moral da vida não é ser feliz? Que tal deixar de lado esses apegos e ir morar na praia? Num casebre em frente ao mar... tendo a certeza de que cada nascer do sol traz consigo mais um dia de pura felicidade.
Tudo bem, tirando o romantismo de lado, por que nos é assim tão duro de aceitar ser feliz todo santo dia, apesar dos pesares? Quero dizer, independente da nacionalidade.

* Macarons são doces, de origem bem antiga, à base de claras de ovos batidas com açúcar e farinha de amêndoas, recheados com creme à base de manteiga, geléia ou ganache. Nos mais diversos sabores: baunilha, pistache, framboesa, rosas, maracujá, chocolate... Eu provei um super refinado da Loja Pierre Hermé de trufa (o tipo de cogumelo). Dizem que era produzido no séc. XVII pelas freiras carmelitas e ofertado às noviças que não comiam carne.


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